POESIA GOIANA
Organização de SALOMÃO SOUSA

DAVID PEREIRA DA ROCHA

Nasceu em Ceres, Estado de Goiás, Brasil, em 4 de junho de 1951.
É escritor e poeta.
Formado em Economia pela antiga FACEA (Faculdade de Ciências Econômicas de Anápolis), atual UEG (Universidade Estadual de Goiás); e em Teologia, pele Instituto Católico de Teologia “Santo Tomás de Aquino”. É funcionário concursado do Banco de Brasil desde 1979.
Desde pequeno manifestou uma veia artística profunda e ousada na criação de seus brinquedos rústicos, seus desenhos e, sobretudo na mania de fazer paródias e versões com as melodias ouvida ao pé do rádio de pilhas. Na escola participou ativamente dos movimentos e festividades literárias. É ainda inédito na publicação de seus livros. Sua obra divulgada encontra-se dispersa pelos jornais de Anápolis (Correio de Silvânia e o Silvaniense) ou de coletâneas resultantes de concursos literários em que recebeu premiações desde 1981.
David acredita, que os artistas têm como missão serem os “escribas” responsáveis pelos registros históricos dos acontecimentos ao seu redor, na Ata de reunião dos Tempos.
É membro correspondente da Academia Petropolitana de Poesia Raul de Leoni, cadeira no. 523, desde 1986. 

ANTOLOGIA EM PROVA E VERSO.  (Autores filiados à União Literária Anapolina). Organizado por Laurentina de Medeiros, Natalina Fernandes e Henrique Mendonça.  Capa: Julio Alan. Prefácio: Júlio Sebastião Alves.    Anápolis: ULA, 2005.  304 p.  14 x 21 cm.       Ex. bibl. Antonio Miranda

        A existência da flor

Nosso amor
Teve a trajetória da flor:
Foi botão,
Coração que se abriu
Florou...
Com seu esplendor reinou!
Depois...
Depois murchou
Despetalou
Caiu.
Da roseira da vida
Sumiu!
Mas o tempo que durou
Valeu!
Marcou...
Existiu !

 

 

      

       Anônimo observador

O seu olhar cruzou com o meu olhar
Trocando juras, um mundo de promessas;
Creio ser assim que todo Amor começa
Na humana ânsia de se completar...

Os olhares atraem brilhando à beça,
E encantado flutuamos leves pelo ar,
Bebendo eflúvios doces de simples arfar,
Tudo é sonho. O real não nos interessa...

Passada a magia do primeiro momento,
Vem a erosão dos anos: o relacionamento
A minguar nos olhos o brilho da luz.

 

             Almas gêmeas trilham a mesma estrada,
Já para outras, não tanto afortunadas,
O que inicia em júbilo termina em cruz!

 

 

       Cotidiano

 

       Como um pulso cortado, esvaindo vou
Por essa vida gota a gota me esgotando
Da sensibilidade que um dia me levou
Carente, ao aconchego dos seus braços brandos.

Tudo difuso, impreciso, irreal vai ficando...
Perdido, dentro do meu sentir, agora estou,
Estancar essa sangria fico tentando
Como suicida que descobre que se enganou!

Cercado estou de ferro e argamassas,
Encurralado num mundo de concretismos;
Onde o sentir é de pavor e o ar é de ameaças!

Como ser sincero em meio a tanto cinismo?
Como sentir-se feliz com tantas desgraças?
Pergunto-me enquanto vou morrendo em
mutismo!



Soneto para o amor

Alguém bem me diz: “O amor é tudo!”
Tendo no olhar um brilho estranho...
Nada entendo de amor, então fico mudo,
Porém com uma inveja sem tamanho!

O entender desse sentir me carece de estudo,
Se entrego sem reservas, então, o que ganho?
“É dando que se recebe”. Penso ser iludo,
porém aos sentidos mais íntimos assanho.

Racionalmente o seu entender nos é bem pouco,
Por isso dizem que amor é coisa de louco,
Algo sem forma, cheiro ou definição ainda...

Vejo porém, nas pessoas por Ele possuídas,
Um ar de felicidade plena que penso ser na vida
O AMOR — esse sumo bem — a coisa mais linda!

*

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Página publicada em junho de 2021